PARÁGRAFO SOBRE O LIVRO "A FILOSOFIA DA CAIXA PRETA"

Ao ler o livro "A filosofia da caixa preta" do escritor e filósofo Vilém Flusser um aspecto torna-se notório: A atemporalidade do autor ao abordar a ascensão das máquinas e a alienação do homem para com os instrumentos que ele mesmo criou. EM 1984, quando o filósofo propôs discutir o assunto, ele tinha como tópico principal as câmeras fotográficas, também chamadas de "caixas pretas", às quais os homens da época mostravam-se extremamente submetidos, valorizando e vivenciando a realidade proposta através das lentes, e não a verossimilidade da vida. No entanto, é possível observar como esse discurso é perfeitamente cabível na atualidade, visto que, com o surgimento e aperfeiçoamento das inteligências artificiais, os seres humanos estão cada vez mais presos a uma realidade programada para o benefício das máquinas e da monetização dessas relações máquina-homem. 

De acordo com Flusser, a função dessas tecnologias é de emancipar a sociedade da necessidade de pensar conceitualmente. Mesmo não se referindo a tecnologias atuais, como celulares ou o famoso chatGPT, é perceptível como o uso indiscriminado e não crítico dessas ferramentas acaba promovendo uma inversão de valores na sociedade, onde quem usufrui desses artifícios deixa de exercer o poder de escolha sobre suas vidas - mesmo que inconscientemente-, e a máquina, juntamente com quem a programou, passa a tomar as rédeas da realidade. Essas tecnologias são "caixas pretas": objetos complexos, jamais penetrados e de difícil compreensão. O homem pode dominar o seu uso, mas entender o que passa por dentro da mesma mostra-se impossível. Portanto, ele nunca terá o verdadeiro controle do aparelho, e precisa ter consciência dessa realidade a fim de buscar a retomada das rédeas de sua vida e a "iluminação" dessas caixas, amenizando os efeitos dessa manipulação. 




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